quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O fenômeno copa do mundo

Uma energia alucinante é liberada nos seres humanos quando envolvidos nesse acontecimento Copa do Mundo. O que fica aprisionado, apenas para alguns, em competições específicas, nos estádios de futebol, invade os lares, as ruas, as praças. Toda a cidade fica enlouquecida. Que necessidade é essa que se apresenta no homem/mulher de gritar para o vento “Gooooooooooooooool”? Que necessidade é essa de gritar, de pular, de enlouquecer? Não ficamos crianças, enlouquecemos. Perdemos a noção do público e do privado. Perdemos a noção de que alguém pode não querer ou não poder está envolvido (tomado) por essa energia desordenada, desorientada. Ou talvez, quem sabe orientada e ordenada para o nada que, paradoxalmente, é tudo. Na verdade, nem sei direito para onde está (de)orientada... Falamos em não seguir uma seita, um guru, uma receita, ficarmos no vazio, em silêncio, auscultando, observando, atentos ao instante da vida, sem pensamento, que, para alguns estudiosos, é tempo psicológico, programado, velho, condicionado. Falamos em sermos autônomos, livres, em estarmos abertos ao acontecimento, puramente, da vida, sem representações, sem símbolos, sem pensamentos. Mas, representamos, estamos tomados pela simbologia, pelo(s) ícone(s): seleção, no nosso caso, brasileira (Brasil, nação, mas que nação?). Estamos numa programação psicológica no tempo cronológico da partida. Ficamos possuídos nos primeiros 45min, depois no segundo, ficamos aprisionados, também no intervalos; caso se prorrogue, se "nossa" seleção estiver ganhando, torcemos para que o tempo seja maior, caso contrário, sofremos até o último instante até que o jogo, finalmente, acabe. Ficamos tristes quando perdemos. “Devemos acabar com o outro; triturá-lo, é a meta”. Parece. Mas, como? (!!!) De uma forma mais ininteligível. É ilário. Todos correm atrás de uma bola e tenta colocá-la numa rede. A bola, por sua vez, é protegida por um guardião. Se ele consegue segurá-la “muito bem”, se não, xingamo-lo. Uma ira é liberada. Porém, em se tratando do adversário, felizes ficamos, tocamos fogos de artifícios, pulamos, gritamos, queremos que o “mundo” nos ouça. Por que precisamos desses ritos de purificação? Purificação porque compreendo que se xingamos, gritamos, berramos, agredimos os outros, a nós também, não cuidamos do outro e perdemos completamente a noção do cuidado por pura e simplesmente necessidade de liberar energias, é talvez por precisão de “purificação”, como fazem as plantas, a noite, liberam gazes sujos e retiram do ambiente o saudável, como fazem inversamente durante o dia. Penso, então, que não só ao respirarmos estamos nesse mesmo processo dos vegetais, contudo ampliamos nossa necessidade, e precisamos liberar seja através de pulos, de gestos, de berros, de gritos, de risos ou de lágrimas, seja através da respiração. Precisamos trocar. Agora, o que o ambiente ganha com todo esse barulho infernal, essa energia enlouquecida, onde tudo é possível e provável? O que ganhamos e/ou perdemos? Não sei. Aliás, não sei de absolutamente nada

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